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sexta-feira, 9 de maio de 2014

Uma única lágrima

Desde muito jovem as meninas são preparadas para a maternidade. Mas será que a aventura da maternidade é somente o cumprimento de uma etapa da vida???

Em vésperas de Dia das Mães essa pode ser uma pergunta bastante capciosa, mas não é.

Nessa aventura da maternidade estou há pouco mais de 6 anos, e sim, foi a maior aventura em que um ser humano poderia se enfiar. Nada comparado a grandes escaladas, tirolesas em abismos altíssimos, ou saltos mortais de paraquedas, empregos novos em países distantes, ou relacionamentos intensos que mudam nossa vida. A maternidade te leva a um lugar que só sabe onde fica quem chegou lá.

Claro que com a minha aventura aconteceram muitos percalços, muitas dores, um punhado de lágrimas, mas nada conseguiu tirar o brilho do momento mais mágico e quase que humanamente incompreensível que alguém pode estar inserido. Desde o momento que recebi a notícia que esperava receber há anos, tive a certeza que aqueles seriam anos muito mais especiais. Eu seria mãe.

Toda a gestação difícil, vômitos, pernas inchadas, desejos, ansiedade, insônia, dores, dificuldades, mobilidade em certos momentos prejudicada, preparativos de um quartinho às escuras, porque ainda não conhece o ser que irá habita-lo, perguntas, preocupações e muita, mas muita vontade de ver aquela carinha aparecer pela primeira vez na sua frente.

Aí, de um rasgo na barriga é arrancada a luz da sua vida, que você nunca imaginaria que pudesse sair com tanta intensidade. O que se sente??? Só uma lágrima correndo involuntariamente pelo rosto, como no despencar de uma cachoeira rumo ao fundo da terra. Com todo esse mergulho, sua vida muda para sempre e lá está aquela nova vida, dizendo para você que tudo mudou, que tudo está mais colorido, mais iluminado, muito, mas muito mais belo, e mais difícil também... E você simplesmente suspira, muda.

E respondendo a pergunta feita por mim mesma logo no início deste texto... O fator biológico é importante, esse reloginho que fica gritando dentro da gente, anunciando que é hora de cumprir seu papel em contribuir para a não extinção da espécie grita, manda ordens e diz que é a hora, é a hora, é a hora... Mas a escolha de ser mãe, seja do útero ou do coração, plagiando a minha irmã, esse sim é o verdadeiro sentimento de ser mãe. É olhar a sua cria dormindo e ter certeza que é a cria mais linda do universo, dar a maior bronca do mundo, sair batendo a porta e pensar que pode morrer na rua e nunca mais poder falar com seu filhotinho, é fazer arroz com feijão e salsicha e receber o mais de todos os beijos, porque é o prato preferido da criaturinha... É acordar e saber que cada dia é mais especial, porque esse filhinho existe.

Até a próxima. Bj da Linda.

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