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sábado, 23 de março de 2013

Antes que tudo acabe



"Cuidado moça! Vem vindo um carro!"
Foi o que um senhor louro (ou de cabelos brancos? não deu tempo de ver direito) gritou antes de entrar num taxi na Oscar Freire e antes de eu desbaratar correndo risco de ser esmagada – drama demais, eu sei – por um carro no meio da rua.

Mal deu tempo pra o meu gritado “obrigada!”, já do outro lado da rua, e senhor que possivelmente me salvou de um acidente já estava dentro do seu táxi rumo à Dr. Arnaldo.

Eu estava tão distraída ouvindo música e pensando em sei-la-o-quê, que não cheguei a pensar “ufa! Quase morri” ou “foi por pouco”... pra ser sincera, nem nervosa ou aliviada eu fiquei. Fiquei surpresa.

Pensei: poxa! Um estranho se preocupa se a garota com o pé no mundo da lua vai atravessar na hora errada ou não. Esse mundo não está perdido, quer dizer, nem tanto.

Eu estava (apenas de passagem, infelizmente rs) em uma das ruas mais chiques de São Paulo e um desconhecido, em uma fração de segundos, se preocupou em dar um gritão pra desavisada de plantão aqui.
Fiquei surpresa pelo cuidado com a vida alheia. E fiquei chocada por ter ficado surpresa. Afinal, somos da mesma espécie, deveríamos preservar o outro. Mas infelizmente, na maioria das vezes, não é isso o que acontece. Gentileza, cuidado, atenção, zelo pelo ser humano é algo um tanto extinto sem que haja um segundo interesse.

Mas antes de chegar à esquina e ver a traseira do táxi indo embora, fui tomada por um outro sentimento, o de felicidade. Um estranho quis o meu bem, cuidou e não pediu nada em troca. É isso. Não basta viver, é preciso cuidado, por si, pelo outro... e pronto.

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