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segunda-feira, 25 de junho de 2012

A divagação no tempo

Todo mundo, ao menos uma vez na vida se pega pensando sobre o tempo.  O tempo atual, o que passou e o que resta. Pra não ser prepotente, já aviso que não vivi um monte, não tive feridas tão profundas para conhecer o poder de cura do tempo, e ainda não tenho parâmetros para saber se o estou utilizando de uma forma boa ou não.  Seria saber demais aos 23, não acha? E eu não quero saber demais... eu quero aprender. Na verdade essa coisa de aprender, aliada ao tempo foi que me tomou minha atenção.

Esta semana uma professora com quem eu trabalho, me pediu para explicar “como funcionam os atalhos” em determinado programa de computador. Eu dizia qual era o caminho no teclado, ela executava e em seguida anotava calmamente todo o processo num bloquinho de papel: passo 1) selecionar tudo, passo 2) Ctrl + C...

Enquanto ela anotava fui tomada por uma sensação de bem estar e orgulho. Não orgulho de mim, por saber algo, mas orgulho dela. Orgulho de perceber que uma acadêmica respeitadíssima, mesmo depois de quase 80 anos, muitos louros, histórias magníficas para contar e uma carreira brilhante, teve a simplicidade de anotar minhas “dicas” detalhadamente.

O tempo não a tornou um ser arrogante e a idade não a fez uma conhecedora de tudo. Por um breve momento, entre duas teclas e uma anotação, pensei se não era aquilo que eu deveria fazer: aprender sempre.

É muito comum que os pirralhos da minha idade estejam abertos às experiências, dispostos a  perguntar, a registrar tudo num HD, a fazer e correr o risco de errar, a fazer de novo....  mas e depois? Cometemos o erro de limitar o aprendizado a um tempo em que os neurônios estão 100% e o corpo com poucos quilômetros de estrada?

Finda a minha “explicação”, fomos comer, dar risada e, como se tivesse adivinhado meus pensamentos a conversa enveredou para o idiotismo das pessoas que acham que já viram tudo, sabem de tudo e que não tem tempo para perder com “coisas bobas”. De fato, essas pessoas realmente não devem ter tempo, elas vão morrer logo. É preciso aprender para não deixar de viver.

Eu prefiro aprender, independente do tempo. Porque no final, eu não quero só os sulcos na pele, como diz o poema da Viviane Mosé, eu quero mais é que eles falem, que contem, que gritem, sem ser preciso uma palavra, o que eu andei vendo, vivendo e aprendendo por aí...

4 comentários:

  1. Mas será que precisamos mesmo APRENDER tudo? Gostei do texto, boa reflexão, mas as vezes me pergunto, é mesmo necessário saber tantas coisas... coisas é um generico, para refletir sobre o aprendizado do que é necessário ou não, ou será que simplesmente por ser um aprendizado é válido, e pronto, e por isso estamos... qual seria o termo aqui, imunes de nos contagiar e parecermos mais um dos "idiotas" da nossa idade?
    Tenho 24, entendo a sua posição, já pensei muito mais assim, hoje apenas reflito, se não me falta essa leveza a leviandade dos que tem a mesma idade que eu. (Falo de mim, mas porque me identifiquei nalgumas passagens do seu texto) e de qualquer forma, esse comentário é só uma forma de tergiversar.
    No post anterior a Claudia, faz aquela sublime pergunta "você quer ser feliz ou ter razão?" como ainda estou nessa questão, vou deixar essa do aprendizado para depois, mas sempre que leio algo a respeito me pergunto, mas já que nunca saberemos de tudo mesmo, não será importante também termos um filtro pessoal sobre os nossos aprendizados. Ex: Aprender a trocar o chuveiro seria de extrema utilidade na minha vida, mas nem por isso eu me dediquei a essa atividade. Assim como aprender a refletir, ou usar determinados objetos de reflexão nem sempre sejam promissores a nós, digo numa questão de desenvolvimento particular, talvez como especie aprender sempre independente do valor agregado valha a pena, mas como seres humanos (individuais), será mesmo que todo esse conhecimento que agregamos ao longo do caminho, é de grande valia? Tenho dúvidas, minhas dúvidas, e por elas respeito que nem tudo que seja do meu interesse necessariamente seja do interesse de outros, mesmo que eu identifique nesse interesse uma grande oportunidade de transcendencia para mim e para o outro, sabe, a ignorancia é uma benção (que os idiotas, se não possuem, fingem muito bem) Não é uma ode ao desconhecimento, mas apenas uma dúvida, sobre onde nos levará tantos aprendizados?

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  2. "aprender sempre" disse tudo...
    Como diria meu querido Gandhi "Viva como se fosse morrer amanhã, aprenda como se fosse viver para sempre".
    Estava com saudades de vc amarela...
    Bom tê-la novamente na blogsfera...
    Obrigada pelo comentário deixado no meu blog, minha alma clama por liberdade!

    Beijo grande!

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  3. O que a Priscila colocou em questão é muito pertinente, mas acho que a colocação é que não foi de encontro com seu texto Érica. Acho ótimo que todos tenhamos a aptidão de sermos alunos até os dias que nos findarem, mas entendo também que a educação, a inteligência e a sabedoria, não pode ser quantitativa e sim de aprimoramento.

    Não sei se já te passei, mas há uma palestra no Café Filosófico, da própria Viviane em que ela divaga sobre a educação no Brasil, os modelos que são usados aqui, suas defasagens e como a gente deve se portar frente ao aluno: humildade, tentando entender que aprendizado é troca e não retidão.

    Quanto ao seu texto: ADOREI! É sempre muito bom se deparar com quem está aberto pra vida. Porque aprender é basicamente isso: não achar que terminou, que há sempre uma continuação.

    Beijo, querida! (Pra Claudinha, também)

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  4. A Priscila Monteiro, num post acima escreveu: "Mas será que precisamos mesmo APRENDER tudo?"

    Nao precisamos, Priscila.
    Mas para alguns, aprender sempre não é uma opção, mas uma necessidade, uma busca, uma inquietação que lhes move o espirito e os impulsiona a "navegar para águas mais profundas...."

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