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quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

O bom de ser sabugo

Eu passei uns dias mal, com uma senhora gripe. Uma semana alternando entre hospital, cama, casa de amiga que foi me socorrer, sofá e rede.

Para uma pessoa elétrica, ficar sem fazer nada, simplesmente porque o corpo não obedece, é uma das piores coisas que pode acontecer. Mesmo doente você acha que, deitado, está perdendo horas ativas da sua vida. Eu sou assim, inquieta, elétrica e pensei desta forma nos três primeiros dias dos sete que passei “de molho”. Pensava: o mundo está girando, as coisas acontecendo e eu aqui, deitada, dolorida, fazendo companhia para caixas e mais caixas de lenço de papel.

Doente já se faz de vítima, se ele é exagerado então...

Mas no quarto dia desencanei. Não que eu estivesse gostando de ficar na cama, com o nariz, a essa altura, em estado deplorável, sem poder respirar direito. Eu simplesmente deixei o tempo passar e a gripe curar, as sensações físicas desagradáveis já eram o suficiente, por que eu arrumaria uma crise existencial?

Decidi que entre as sessões de tosse eu pensaria em algo bom, importunaria meus amigos, afinal, enquanto eles trabalhavam eu curtia minha constipação numa rede, com direito a sombra e água fresca!

E quer saber? Até que eu aproveitei minha semana ranhosa. Tem horas que é melhor pegar o nosso quadro e decidir vê-lo pelo ângulo mais bonito. A vida passa rápido, quando pensa que não... puf! Já acabou!  Então é melhor aproveitar os prazeres da vida, se for necessário uma gripe para que você tome café na cama e durma oito horas... tudo bem!

Afinal...

"– A vida, senhor Visconde, é um pisca-pisca. A gente nasce, isto é, começa a piscar. Quem pára de piscar chegou ao fim, morreu. Piscar é abrir e fechar os olhos – viver é isso. É um dorme e acorda, dorme e acorda, até que dorme e não acorda mais [...] A vida das gentes neste mundo, senhor Sabugo, é isso. Um rosário de piscados. Cada pisco é um dia. Pisca e mama, pisca e brinca, pisca e estuda, pisca e ama, pisca e cria filhos, pisca e geme os reumatismos, e por fim pisca pela última vez e morre. – E depois que morre?, perguntou o Visconde. – Depois que morre, vira hipótese. É ou não é?" (Monteiro Lobato)

2 comentários:

  1. Erica
    Apesar de sua gripe eu gostei da lembrança do Visconde de Sabugosa. Era um dos personagens mais queridos por mim.
    com amizade Monica

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  2. Até nessas horas (dodói) você é ótima!

    ...é melhor pegar o nosso quadro e decidir vê-lo pelo ângulo mais bonito.

    Melhoras todos os dias.
    Bjos.

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